Quando falamos em Carnaval, já pensamos em Daniela Mercury, rainha do axé. E nesse ano, a cantora novamente arrasta pessoas do mundo inteiro para o seu bloco, Crocodilo, que traz como tema principal “Arte e resistência”, assuntos já muito comentados em canções como ‘Rainha da Balbúrdia’.
Há anos, a baiana vem arrastando um grande público LGBTQI+, e não é à toa. Daniela dá voz e luta ao lado das minorias. “Eu acho que as divas do mundo inteiro, as artistas do mundo inteiro são ícones da comunidade LGBTQI+, e eu, quando me casei com a Malu (Verçosa), me tornei uma representante importante nessa luta, que também é sobre política. Eu e Malu nos tornamos representantes da ONU e transformamos o Brasil em um lugar onde as pessoas podem falar sobre sua sexualidade. Talvez essa seja uma frase muito forte, mas fui a primeira grande artista a tomar a luta para mim”, comenta.
Aos 54 anos, Dani sobe no seu trio cheia de novidades. Além dos seus hits já esperados, a cantora traz uma intervenção de arte, cheia de cores, do artista J. Cunha, também nascido na Bahia. “Não me falta criatividade e estou sempre buscando aprender e me arriscando. Então não é só criatividade, é o risco de fazer coisas diferentes em cima do trio, seja uma peça de teatro ou uma intervenção, como a de J Cunha, chamada ‘Arco-íris’, que estamos lidando com ela dentro do ‘triatro’ (mix de trio e teatro) pela primeira vez”, diz.
A seguir, um bate papo divertido poucos minutos antes de Daniela Mercury arrasar em cima do trio do Bloco Crocodilo. Confira! (por Morgana Bressiani)
Glamurama: Seu bloco atrai um grande público LGBT do Brasil inteiro. O que atrai essas pessoas a virem de longe para acompanhar esse momento?
Daniela Mercury: As divas e artistas do mundo inteiro são ícones da comunidade LGBTQI+, e eu, quando me casei com a Malu, me tornei uma representante importante dessa luta, que também é sobre política. Eu e Malu nos tornamos representantes da ONU e transformamos o Brasil em um lugar onde as pessoas podem falar sobre sua sexualidade. Talvez essa seja uma frase muito forte, mas fui a primeira grande artista a tomar a luta para mim. Acredito que todas essas questões juntas, incluindo a minha postura e o fato de eu e Malu termos lutado pela criminalização da homofobia no ano passado, além das canções de sucesso e o Carnaval, é o que atrai as pessoas. Sem contar que Salvador virou um lugar de resistência. O governo e a prefeitura estão com discursos muito bons e coerentes com o mundo em que vivemos, pedindo que as pessoas se respeitem, e se cuidem.
G: Com tantos anos de Carnaval, como é que você se reinventa para continuar arrastando essa multidão que está te esperando?
DM: Não me falta criatividade e eu estou sempre buscando aprender e me arriscando. Então não é só criatividade, é o risco de fazer coisas diferentes em cima do trio, seja uma peça de teatro ou uma intervenção, como a de J Cunha, chamada ‘Arco-íris’, que estamos lidando com ela dentro do ‘triatro’ pela primeira vez. É um desafio pra nós, uma responsabilidade, mas a graça da minha vida é criar. Sou diretora, compositora, cantora, crio o máximo que posso. Até inventei minhas roupas esse ano. Acho que sempre será assim. Enquanto eu estiver viva, vou criar!
G: Fala um pouco sobre o figurino?
DM: Estou vestida com a obra de arte de J. Cunha, essa foi a inspiração. A ideia era que eu fosse parte da obra e das cores, dessa força. Queria estar poderosa, uma LGBTQI+ dentro da arte. Porque, independente de todas as militâncias, a arte não pode faltar.