Aconteceu de 11 a 20 de março, em Austin, no Texas, o South by Southwest, conjunto de festivais que agrega música, cinema e mídias interativas. Deborah Osborn, sócia da produtora bigBonsai e convidada pelo festival para ser uma das “international film mentors”, uma espécie de consultora para as pessoas inscritas no festival, contou ao Glamurama sobre sua experiência neste ano no por lá. Olha só!
O South by Southwest (SXSW) reúne todo ano em Austin, capital do Texas, três diferentes festivais: o SxSW Interactive (de mídias interativas), o SxSW Music (de música) e o SxSW Film (de cinema). Considerado um dos festivais mais inovadores da atualidade, ele é conhecido por ter anunciado aplicativos de sucesso, como Twitter e Foursquare, e o lugar onde o que há de novo em tecnologia e iniciativas criativas é apresentado em primeira mão. Celebrando a sua 30ª edição, o SXSW começou com uma palestra do presidente Barack Obama. Como a organização sabia que a demanda para vê-lo ao vivo seria enorme, rolou um esquema de sorteio para participantes pré-inscritos. Não fui sorteada, mas resolvi chegar cedo e esperar na fila da lista de espera. Eu já tinha aprendido no ano passado que, se você quer muito ver algo, vale chegar com bastante antecedência e esperar, pois sempre rolam ingressos de última hora. Consegui entrar, assim como várias outras pessoas que esperaram comigo, e valeu muito a pena. Obama é carismático, inteligente e bem humorado. Falou sobre tecnologia e engajamento cívico no século 21 e convocou todos cidadãos a fazerem a sua parte para mudar o mundo para melhor.
O grande desafio do SXSW, já que acontecem dezenas de coisas simultaneamente, é manter a calma, o foco e a paciência para enfrentar as esperas nas filas – que às vezes dão voltas nos corredores do Convention Center. O tempo todo você está optando por o que ver e o que deixar de ver. São 6 mil atividades em 10 dias de evento. Apesar de ter ainda mais gente do que nas edições anteriores – o festival não para de crescer – eu consegui ver tudo que eu queria. Abaixo, alguns dos highlights:
*Ellen Page e Ian Daniel, que estavam lá para falar da série que criaram, “Gaycation”, e a vontade de dar voz e visibilidade para a comunidade gay ao redor do mundo. Segundo a atriz, não assumir a sua sexualidade fazia muito mais mal a ela e a sua carreira do que agora se assumindo. Ela se sente mais feliz, inspirada e agradecida. Nas suas palavras: “being yourself is the best creative juice”.
*JJ Abrams, diretor do último “Star Wars”, falou sobre robôs e tecnologia no cinema, mostrou cenas inéditas de “Westworld”, série da HBO que ele produz com Rodrigo Santoro e Anthony Hopkins no elenco e, claro, respondeu a perguntas sobre “Star Wars”.
* Andy Puddicombe é um ex-monge budista e criador do app de meditação HeadSpace. Durante a sua palestra, descreveu o poder transformador de limpar a mente durante 10 minutos por dia, sendo consciente e experimentando o momento presente. Ele enfatiza a necessidade de tirar um tempo para apreciar o silêncio, essencial para criar uma felicidade duradoura e encontrar um estado de contentamento. “Há algo sobre o silêncio que não experimentamos o suficiente”, diz ele.
* Michelle Obama num bate papo com as artistas Missy Elliot, Sophia Bush, Diane Warren e Queen Latifah falando sobre empoderamento feminino e a segunda fase da iniciativa “Let Girls Learn” (“Deixe que as meninas aprendam”), programa que promove acesso à educação a 62 milhões de meninas que atualmente não frequentam escolas no mundo todo. A nova etapa pretende “pedir que as pessoas não só se preocupem com o problema, mas façam algo a respeito”. O painel foi um show de “girl power”, com as cinco mulheres incentivando outras a “demonstrarem amor a si mesmas” e “serem gentis todos os dias” e lembretes de que “tudo que nós cinco conquistamos teve muito trabalho por trás”. #62milliongirls
* Não consegui assistir a todos filmes que gostaria, optei por priorizar a parte de interactive já que espero poder ver os filmes em outra oportunidade. Mas um documentário que me emocionou foi o “Mr Gaga” do diretor Tomer Heymann. O filme conta a trajetória de um dos maiores nomes da dança contemporânea mundial, o israelense Ohad Naharin. Mesmo que você não entenda muito sobre dança, é uma delícia mergulhar neste universo e no processo criativo de Ohad, um apaixonado pelo que faz. Sua arte transcende, inspira e é uma lição de vida. O documentário levou 8 anos para ficar pronto e, para ter uma maior liberdade, os irmãos Heymann decidiram financiar o projeto via crowdsourcing na plataforma Kickstarter.
Questões de igualdade de gêneros, VR – virtual reality – e inteligência artificial foram também discutidas bastante no SXSW2016.
Além das atividades oficiais espalhadas entre o Convention Center e os diversos hotéis, acontecem também muitos eventos não-oficiais, como casas patrocinadas por marcas e países, com palestras, shows, além de festas, meetups e happy-hours em bares e outros locais, muitos até inusitados. O centro da cidade, onde acontece praticamente tudo, é pequeno, as ruas ficam lotadas de gente de toda parte do mundo indo de um lugar para o outro com suas credenciais no pescoço. Toda a vibração é fantástica. Uma boa dica para quem se hospeda um pouco mais longe do centro é pegar o Uber pool, ou seja um Uber compartilhado com outras pessoas que estejam indo para um destino parecido. Sai bem mais barato e você ainda conhece outras pessoas que estão ali para o festival. O Uber food também é uma ótima opção para quem quer comer algo sem pagar os preços abusivos do Convention Center. Eles entregam super rápido e você pode almoçar no parque, por exemplo.
Esse ano tive que ir embora antes de começar o festival de música, quando a cidade se transforma completamente. As pessoas são outras, a vibe da cidade muda, no lugar de palestras, as salas do Convention Center são tomadas por todos os tipos de banda a partir das 9 da matina. Vale muito a pena também vivenciar essa experiência. (Por Deborah Osborn, sócia da produtora bigBonsai)