Após o sucesso da minissérie Todo dia a mesma noite, outra adaptação audiovisual baseada em uma premiada obra de Daniela Arbex chega à Netflix: o documentário Holocausto brasileiro entrará no catálogo da gigante do streaming no domingo, 25 de fevereiro. No livro, a jornalista investigativa relata as condições desumanas a que eram submetidos os pacientes do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena, conhecido como Colônia, onde mais de 60 mil pessoas morreram entre as décadas de 1960 e 1980. A escritora, que acaba de lançar Longe do ninho também pela Intrínseca — obra que investiga o incêndio que matou dez adolescentes no Ninho do Urubu em fevereiro de 2019 —, dirigiu o documentário junto com Armando Mendz.
Originalmente lançada em 2016, em mais de 40 países, a adaptação foi produzida pela HBO e é fruto de um extenso trabalho de apuração da jornalista. O livro que a baseou — o qual ganhou nova edição pela Intrínseca em 2019 — conta com depoimentos de sobreviventes e ex-funcionários da instituição, que permaneceu em pleno funcionamento até o início da década de 1980.
Na obra, Arbex narra como o Colônia se tornou um depósito para aqueles que viviam à margem da sociedade: homossexuais, prostitutas, mães solo, meninas violentadas pelos patrões, pessoas em situação de rua e mulheres que tinham perdido a virgindade antes do casamento. No manicômio, os pacientes, que muitas vezes nem sequer recebiam diagnósticos, perambulavam nus e eram forçados a ingerir ratos, esgoto e urina, além de dormirem sobre o feno e serem submetidos a sessões de eletrochoques. As torturas aconteciam com o consentimento do Estado, de médicos, dos funcionários e da sociedade.
Eleito o melhor livro-reportagem de 2013 pela Associação Paulista de Críticos de Arte e segundo colocado na mesma categoria do Prêmio Jabuti em 2014, Holocausto brasileiro se tornou um marco do jornalismo investigativo ao retratar um capítulo lamentável da história do país. O relato também comprovou a potência de Daniela Arbex ao narrar acontecimentos trágicos com sensibilidade e responsabilidade, assim como a autora fez em Arrastados, Cova 312, Todo dia a mesma noite e, mais recentemente, Longe do ninho.